quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O cinema também é o ópio do povo


Antes de tudo, admito que esse texto tem seus preconceitos, mas há conceitos também.

Está prevista para o início do ano que vem a estréia de "Lula, o filho do Brasil", o filme de 15 milhões reais (arrecadados de empresas privadas - isso lá combina com proletariado?) sobre a trajetória do nosso Presidente. Não há dúvidas de que a vida dele é impressionante o suficiente para ser recontada, nem de que as dificuldades pelas quais passou represente o que acontece com muitos brasileiros. Mas, esse tipo de filme, geralmente, é feito em homenagem a pessoas que já morreram e não a vivas com o orgulho dilatado!

Na verdade, a questão não essa. O que impressiona num filme sobre um presidente vivo e, para piorar, ainda no poder é o fato de ele passar a ser tratado como se fosse mais que um governante. Lula está endeusado, é como um herói.

NADA MAIS IRRITANTE NOS PAÍSES LATINO-AMERICANOS QUE ISSO! Por favor, libertem-se do caudilhismo! Existe aqui a estranha mania de depositar no representante mais que as atribuições de um represente. O que se prefere é que ele seja fonte de esperança, assistencialista, carismático, do povo, exemplo de vida batalhadorasofrida. Aí a gente gosta.

Se for tudo isso, muito bem, sem preblemas. Porém, o preocupante é saber que essas características tão valorizadas são capazes de esconder muitas questões infelizes que possuímos. O que move a democracia é a crítica, o apontamento de erros, a oposição de idéias. Há muita corrupção, demora, ineficácia e inchaço no setor público, por isso ainda não chegamos ao ponto de poder vangloriar ninguém. No mais, se a avaliação geral de tal governo for boa, ótimo, mas isso não significa que esteja tudo certo.

Olha! Me lembrei de que ano que vem haverá eleições! E, se Lula é tão bom, quem ele apoiar deve ser bom também!

Enfim, I have a dream, one day my four children will live num Brasil em que a população vote na esquerda, direita, pra frente ou pra trás, mas que, independente da escolha, se saiba que foi por convicção. Se saiba que o eleitor teve comida, escola. Que ele não vai ligar a TV de imagem ruim, no meio do agreste,e depositar as esperanças num homem de terno que está lá em São Paulo. E o fato de o Lula ser o que é é culpa do tipo de eleitorado que temos, que fica de olhos brilhando quando, pela primeira vez, se identifica com um político. Se é culpa do eleitorado desiludido, é culpa dos que o deixam continuar existindo, dos que deixam um país tão rico arrastar por anos e anos uma situação social vergonhosa. Então não cabe a mim, que tenho I Pod no Sudeste, criticar o populismo como se fosse algo ridículo, incompreensível. O herói Lula, Fernanda, não é o reflexo de uma população burra caudilhista, é o reflexo do que ninguém mudou até agora com o discurso “equilíbrio econômico/minha gestão é técnica/não tenho acessos esquerdistas”.


PS1- Tá, eu sei, o PT também é apoiado pela classe média;
PS2- E eu também acredito no equilíbrio econômico como chave de tudo, mas ele tem um objetivo e não se justifica por si só;
PS3: “Nem o Obama tem filme!” – Laura Porto

3 comentários:

  1. A vida dele pode dar um belo filme sim. Mas como você salientou, fazer um filme enquanto ele ainda está no poder e no seu último ano de mandato, em um ano de eleição é totalmente inapropriado. Mas, pra quem chorou com 2 filhos de Francisco, tá aí uma boa indicação de filme!

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  2. mais um marca da intromeçâo da mídia em assuntos políticos... PROPAGANDA AÊ... bando
    de sem vergonha que quer promover a própria imagem.. inadimicivel em um pais democrático a manipulação da mídia para tais assuntos..
    PS - CONTINUE COM SEU OTIMO TRABALHO..

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  3. Tudo bem,vc não pegou minha ideia! haiehaeiuhaeuheiuehiueh

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